O seguro morreu de velho’, e há quem
leve o dito popular às últimas consequências. De olho em um mercado
crescente, as seguradoras estão lançando apólices de seguro para as
situações mais inusitadas e curiosas. Entre as mais populares
estão: o seguro para cerimônias de casamento e festas juninas;
plano de saúde e seguro de vida para bichos de estimação; seguro
pessoal que cobre mordidas do seu cão em terceiros, com indenização
e cobertura hospitalar; para adegas de vinho; residencial que cobre
danos aos vizinhos; seguro de cartão de crédito que indeniza também
outros objetos roubados dentro da bolsa; seguro corporativo contra
assédio e demissão indevida, entre outros.
O seguro que mais cresceu foi o para
bicicletas, em média de 35%, em 2017, segundo a Bidon corretora de
seguros. O consultor de relacionamento da empresa, Pedro Henrique
Gonçalves de Oliveira, ressalta que, em muitos casos, os produtos
não estão disponíveis no portfólio regular das seguradoras, mas a
necessidade dos consumidores estimula o lançamento de novas
apólices no mercado.
— Comunicamos o interesse do cliente,
e elas fazem a análise para verificar se é viável assumir o risco —
conta.
Para uma festa de casamento, por
exemplo, as seguradoras que já fazem este tipo de seguro cobram
entre R$ 500 e R$ 3.000, de acordo com o tamanho da festa e o
número de convidados. A cobertura, geralmente, é contra incidentes,
como incêndio e explosão, e acidentes com os participantes, falhas
na decoração, ou equipamentos de iluminação e som. A economista
Malu Gonçalves, de 27 anos, contratou um seguro que oferecia
proteção contra golpes e, até, ressarcimento do valor investido no
evento em caso de adiamento ou desistência de um dos noivos:
—Investi quase o valor de um carro (na
festa) e tinha muito medo que algo desse errado. Valeu a pena
porque o seguro custou R$ 600— explica Malu.
Para proteger também seu melhor
amigo
O Brasil é, hoje, o terceiro maior
mercado do mundo em faturamento no setor pet, ficando atrás apenas
dos Estados Unidos e do Reino Unido, segundo a Associação
Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação
(Abinpet). São mais de 72 milhões de cães e gatos, em todo o país,
segundo o IBGE. Os números ajudam a traduzir a paixão e o cuidado
dos donos com os bichinhos. E a proteção se estende a tratamentos
de saúde e vida dos animais. A autônoma Bárbara Rainha, de 32 anos,
ajudou a mãe Fátima, de 62, a contratar um seguro para Joe Joe, um
maltês de 6 anos:
— Temos o animal de estimação como
alguém da família e, às vezes, quando acontece alguma emergência,
você pode estar desprevenido financeiramente. É uma despesa
pequena, de R$ 65 por mês, e, no dia em que precisar, o animal terá
toda a cobertura.
O seguro cobre consultas, internações
e exames. Alguns, incluem até vacinas. Quando o pet é mais velho, o
seguro fica mais caro, e uma veterinária vai à casa do contratante
para fazer uma consulta prévia com o bichinho.
Entrevista: Bruno Kelly, professor da
Escola Nacional de Seguros
O que mais impacta o preço dos seguros
mais raros?
O preço varia em relação ao risco que
a seguradora terá ao assumir a apólice. Mas também há influência do
valor da cobertura e do valor do próprio produto.
Alguns itens são de difícil
mensuração. Há celebridades ou jogadores de futebol que fazem
seguros para partes do corpo. Ou obras de arte e tacos de golfe.
Como avaliar?
Cobertura para partes do corpo é mais
difícil de avaliar. Em outros casos, é preciso analisar o valor do
objeto e sua raridade. Para bicicletas, dependendo do custo da
bike, a seguradora não faz o seguro porque o seguro fica mais caro
do que o valor de mercado.
Letras miúdas fazem toda diferença
Antes de assinar um contrato de
seguro, é preciso observa todos os detalhes da cobertura, da
carência, dos prazos e dos itens excluídos do pacote, além de
avaliar o custo-benefício. É o que orienta a coordenadora de
Atendimento do Procon-RJ, Soraia Panella:
—Um seguro inusitado não respeita
padrões anteriores, como em um seguro de celular. Por isso, ao
contratá-lo, é necessário que as condições sejam acordadas entre as
partes, englobando todas as especificidades — orienta.
Soraia ainda alerta que é importante
ler com cuidado todas as cláusulas e saber como comunicar o
sinistro.