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Operação Lama Cirúrgica: material descartável hospitalar foi reutilizado mais de 2,5 mil vezes na GV

Fonte: ES Hoje Data: 17 janeiro 2018 Nenhum comentário

Dois empresários e um enfermeiro foram presos no início da desta terça-feira (16) durante a Operação Lama Cirúrgica. Eles são acusados de reprocessar, falsificar e fornecer materiais médicos hospitalares descartáveis usados como sendo novos. O material, com rótulos adulterados, era usado em hospitais particulares da Grande Vitória.  E chegaram a serem usados em pacientes de tratamento de combate ao câncer.

Foram presos os empresários Gustavo Deriz Chagas, 41, e Marcos Roberto Krohling Stein, 37, além do enfermeiro Thiago Waiyn, 36, todos ligados à empresa Golden Hospitalar, da Serra. A polícia cumpriu ainda três mandados de busca e apreensão.

Segundo as investigações, a empresa tinha todos os documentos em dia e funcionava de maneria regular, mas reprocessava e distribuía materiais cirúrgicos ortopédicos descartáveis para hospitais privados da Grande Vitória. Um deles está localizado no município da Serra. A polícia não informou quantos, ao todo, recebiam esse material. Quatro tipos deles, entre agulhas e fios cirúrgicos, foram reutilizados 2536 vezes.

Essa foi a primeira fase da operação. O secretario de segurança pública, André Garcia, disse que a investigação começou em 26 de outubro de 2017, após uma denúncia anônima. Informou que o esquema criminoso não é um caso isolado, mas uma prática. Não está descartada, por exemplo, a participação de médicos.

“Estamos diante de um caso que aponta para um crime gravíssimo. Poucas vezes vi algo tão grave e de tanta repercussão na vida das pessoas. Nessa primeira fase e com o inicio das investigações, estamos falando do reprocessamento de produtos e reutilização de produtos cirúrgicos. Uma serie de outras questões estão associadas a isso, como a falsificação de documentos e etiquetas que apontam qual o lote desse produtos, data de fabricação e validade. O que é mais grave é o reuso. São produtos que só podem ser usados uma única vez”.

email1Email enviado com pedido de adulteração por um dos acusados

O reprocessamento de produtos é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).Além de ser infração sanitária, a prática pode elevar os riscos de infecção ao paciente, bem como acarretar falhas na utilização do produto, perda de desempenho, retenção de corpo estranho, intoxicação, entre outros. “A falsificação de dava basicamente na viabilização documental para que esses produtos fosse apresentados como novos. E na limpeza, para que fossem reutilizados. Nisso ele perde as caraterísticas originais, funcionalidade (em alguns casos). Estamos diante de uma fraude e crime contra a população”, afirmou André Garcia.

O secretario disse que num primeiro momento os hospitais são tratados como vítimas, mas a investigação continua para identificar quem tinha conhecimento do esquema e se beneficiava (seja nas empresas, hospitais e planos de saúde). “Nada impede que aja envolvimento de pessoas que fazem parte dessas instituições”.

O gerente do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc), Raphael Corrêa, disse que o grupo se aproveitou de facilidade nas instituições de saúde. “Vamos verificar se outras empresas faziam a mesma prática; se as falhas existem dentro do sistema dos hospitais; se os planos de saúde foram lesados. Vamos tentar quantificar as lesões e prejudicados”.

Os policiais explicaram que com o crime os envolvidos superfaturavam em até mil por cento os preços dos produtos. Os acusados vão responder por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, adulteração de produto destinado a fins medicinais e estelionato.

 

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