Avanço no direito dos pacientes
proporciona acesso, pela rede privada de saúde, ao tratamento
imunobiológico
São Paulo, 15 de janeiro
do ano 2018 – A última atualização do rol de eventos
e procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que
é a cobertura mínima obrigatória dos planos de saúde no Brasil,
trouxe uma ótima notícia para os brasileiros que convivem com a
Esclerose Múltipla (EM) – a inclusão de um medicamento
imunubiológico para tratar a doença no Sistema de Saúde privado. O
natalizumabe, administrado via infusão intravenosa, está indicado
para a prevenção de surtos e retarda a progressão da incapacidade
nos pacientes com Esclerose Múltipla Recorrente Remitente.
“Essa incorporação é um grande avanço
no direito do paciente. Até o ano passado, não tínhamos qualquer
medicamento para tratar a EM disponível na cobertura mínima da ANS.
É mais uma via de acesso ao tratamento. Para nós, quanto mais
opções, melhor”, explica Gustavo San Martin, fundador da associação
de pacientes Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME).
Os pacientes com prescrição médica de
natalizumabe podem realizar a solicitação do medicamento e do
procedimento diretamente à sua operadora de saúde ou sua rede de
prestadores credenciada e referenciada. As terapias atualmente
disponíveis para o tratamento da esclerose múltipla permitem
controlar sua progressão, reduzindo a recorrência de surtos e
aliviando os sintomas. O objetivo principal é manter a doença
estável. Os medicamentos, aliados ao suporte de uma equipe médica
multidisciplinar e a um estilo de vida adaptado, permitem ao
paciente conviver com a doença de forma controlada e manter a
qualidade de vida.
Quando não diagnosticada precocemente
e tratada, a EM afeta significativamente a qualidade de vida do
paciente já nos estágios iniciais. “A doença exige um tratamento
individualizado e nem sempre uma terapia que funciona para um, é
adequada e eficaz para o outro, por isso, é de extrema importância
a ampliação do seu arsenal terapêutico. A inclusão desta terapia no
rol do sistema privado é mais uma grande conquista para pacientes e
médicos”, explica o neurologista Jefferson Becker, Presidente
Executivo do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em
Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS).
Saiba mais sobre a esclerose
múltipla:
A esclerose múltipla é uma doença que
compromete o sistema nervoso central. É um processo de inflamação
crônica de natureza autoimune que pode causar desde problemas
momentâneos de visão, falta de equilíbrio até sintomas mais graves,
como cegueira e paralisia completa dos membros. A doença está
relacionada à destruição da mielina – membrana que envolve as
fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos
no cérebro, medula espinhal e nervos ópticos. A perda da mielina
pode dificultar e até mesmo interromper a transmissão de impulsos.
A inflamação pode atingir diferentes partes do sistema nervoso,
provocando sintomas distintos, que podem ser leves ou severos, sem
hora certa para aparecer.
A doença geralmente surge sob a forma
de surtos recorrentes, sintomas neurológicos que duram ao menos um
dia. A maioria dos pacientes diagnosticados são jovens, entre 20 e
40 anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico
considerável por ser uma fase extremamente ativa do ser humano. A
progressão, a severidade e a especificidade dos sintomas são
imprevisíveis e variam de uma pessoa para outra. Algumas são
minimamente afetadas, enquanto outras sofrem rápida progressão até
a incapacidade total.