Se você fosse o motorista de um carro
autônomo e não precisasse ficar atrás do volante, prestaria atenção
ao trânsito da mesma forma? Ou confiaria cegamente na inteligência
artificial, sem receio de algo dar errado, aproveitando o “tempo
livre” para ler um livro ou acessar o celular?
A discussão de como as pessoas se
comportam diante de tamanha inovação no mercado automotivo estão
mexendo também com o mercado de seguros. E só tende a esquentar já
que as previsões apontam que essa tendência vai conquistar cada vez
mais espaço. Segundo um estudo da consultoria EY, em 2035, os
carros autônomos corresponderão a 75% da venda de automóveis no
mundo.
Diante dessa realidade, surgem
questões importantes. A primeira diz respeito à legislação: quem
pode ser responsabilizado em caso de um acidente?
Recentemente, o jornal The New York
Times publicou uma análise interessante a respeito de um teste
realizado pelo Google com seus funcionários. Eles foram filmados
utilizando o veículo no trajeto entre a casa e o trabalho.
O resultado mostrou que, diante da
certeza de que a tecnologia não falha, os motoristas abandonavam o
posto e iam para o banco de trás, se aventuravam a subir no teto
solar ou até mesmo a namorar.
No mercado de seguros, um dos
principais pontos que se analisa é o risco atribuído ao condutor.
Isso inclui o endereço da sua residência, o trajeto rotineiro,
faixa etária, entre outros.
Como ficam estas questões em um carro
autônomo? Todas as situações poderiam ser consideradas iguais, uma
vez que os carros contam com sistemas inteligentes e completamente
seguros?
E se o carro autônomo é confiável, o
seguro automotivo deve ser mantido para proteção do proprietário e
terceiros em caso de colisão? E em relação ao uso compartilhado
dessa tecnologia, como funcionaria o cálculo do seguro?
Diante de situações como esta, como
fica a análise de risco por parte das seguradoras, seja para a
precificação ou até mesmo aceitação daquele seguro? O fato é que é
que muitas coisas precisarão mudar.
Em primeiro lugar, será necessário
repensar a regulação. A análise do perfil do condutor do veículo,
por exemplo, cairá por terra. Afinal, se considerarmos um carro
totalmente autônomo, qual será a necessidade de analisar o perfil
do condutor daquele veículo?
Isso não significa, porém, que novos
riscos não passem a ser avaliados. Quais chances de um destes
softwares serem invadidos por Hackers criminosos com o intuito de
simplesmente roubar o veículo ou até mesmo cometer atos
terroristas?
Tudo isso deverá ser levado em conta
pelas seguradoras para as apólices de seguro em um futuro bastante
próximo.
*Claudia Rizzo é Gerente Executiva da
MDS Insure Brasil