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Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira (23) os
ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda e Agnelo
Queiroz e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli, atual assessor do
presidente Michel Temer. Eles são alvo de uma operação que
investiga um esquema de corrupção na reforma do estádio Mané
Garrincha, em Brasília.
Também serão levados em prisão
temporária, o ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, Francisco
Cláudio Monteiro, o ex-presidente da Novacap Nilson Martorelli, o
presidente do grupo Via Engenharia Fernando Márcio Queiroz e o
suposto operador de Agnelo, Jorge Luiz Salomão.
As investigações apontam que o
deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) também
recebeu dinheiro desviado das obras.
A operação, batizada de
Panatenaico, é baseada em delação premiada de executivos da Andrade
Gutierrez sobre um esquema de corrupção na reforma do Mané
Garrincha. A PF diz que as obras podem ter sido superfaturadas em
cerca de R$ 900 milhões, visto que estava orçada em R$ 600 milhões
mas custou R$ 1,575 bilhão.
Agnelo, Arruda e Filippelli são
alvos de mandados de prisão temporária, que tem duração de cinco
dias. Além deles, a PF prendeu Maruska Lima, ex-presidente da
Terracap, empresa do governo do Distrito Federal. Há ainda 3
mandados de condução coercitiva (quando alguém é levado a depor) e
15 de busca e apreensão, todos expedidos pela 10ª Vara da Justiça
Federal no DF.
Ao G1, o deputado Rogério Rosso disse
que ainda não foi informado de que é investigado na operação. "Deve
ser um equívoco", afirmou. O advogado de Arruda, Paulo Emílio,
disse que ainda está "tomando pé das circunstâncias", mas que vai
tentar revogar o mandado prisão.
O G1 tentou contato com o advogado do
ex-governador Agnelo Queiroz, mas não obteve respostas até o
momento da publicação desta reportagem. A defesa do
ex-vice-governador Tadeu Filippelli, afirmou que "preferia não se
pronunciar por enquanto". Procuradas, as advogadas da ex-presidente
da Terracap Maruska Lima, não atenderam.
Cerca de 80 policiais divididos em 16 equipes participam da
operação. O nome é referência ao Stadium Panatenaico, sede dos
jogos panatenaicos, competições realizadas na Grécia Antiga que
foram anteriores aos jogos olímpicos.
Além dos políticos, a operação
desta terça tem como alvo agentes públicos, construtoras e
operadores das propinas que atuaram na época. Segundo a PF, a
suspeita é de que com a intermediação dos operadores, os agentes
públicos tenham simulado etapas da licitação. O Mané Garrincha não
recebeu financiamento do BNDES, mas da Terracap, empresa do governo
do Distrito Federal que não tinha este tipo de operação prevista
entre suas atividades.
Agnelo, que foi governador do DF
de 2011 a 2015, foi condenado a ficar inelegível por oito anos em
2016. O Tribunal Regional Eleitoral entendeu que ele e seu vice,
Filippelli, usaram a publicidade do governo para se favorecer a
campanha de 2014.Em fevereiro passsado, o Tribunal Superior
Eleitoral manteve a punição ao ex-governador, mas absolveu o
ex-vice.
Filippelli foi nomeado assessor
especial do gabinete pessoal de Temer em setembro de 2016. Antes,
integrava, desde 2015, a assessoria parlamentar da vice-presidência
da República. Segundo blog
da Andréia Sadi, Filippelli despacha no 3º andar, onde fica o
presidente, e é um dos assessores que faz a interlocução de
bastidor com o Congresso e empresários.
Em julho de 2014, Arruda foi
condenado pelo Tribunal de Justiça do DF por improbidade
administrativa e pelo suposto envolvimento no esquema de corrupção
conhecido por mensalão do DEM. No mesmo ano, ele teve o registro
barrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da
Ficha Limpa e renunciou a candidatura para governador do DF.
O ministro Luiz Edson Fachin,
relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
encaminhou à Justiça Federal do Distrito Federal as citações feitas
por delatores da Odebrecht e relacionadas a obras na capital
federal, em abril deste ano. As supostas irregularidades se referem
às obras do estádio Mané Garrincha, do novo Centro Administrativo,
em Taguatinga, e do condomínio Jardins Mangueiral.
Duas das petições citam o
ex-governador do DF José Roberto Arruda. O ex-governador Agnelo
Queiroz (PT) é alvo de outra petição.