Palestrantes debatem, durante 6º
Encontro de Resseguros, a história e os caminhos do setor
A história do resseguro tem início na
Europa, no século XVIII, com as seguradoras buscando outras
seguradoras locais para se protegerem de riscos elevados. Esse
modelo, entretanto, potencializava uma aspiral de risco, razão pela
qual elas logo começaram a buscar resseguradoras fora de seus
países de origem. Isso, porém, gerava um problema de evasão de
divisas, razão pela qual foram criadas resseguradoras locais com
obrigação de investir o capital nos países de origem. O movimento
seguinte foi a busca das resseguradoras pela internacionalização,
sendo a Munich RE a primeira a fazer isso. No fim do século XIX, os
Estados Unidos transformam-se no maior mercado de resseguro do
mundo. As décadas de 1970 e 1980 foram, então, a época de ouro do
resseguro, mas a década de 1980 trouxe uma grave crise, ocorrendo
uma ainda maior internacionalização e o surgimento dos centros
regionais de resseguro.
Assim começou a apresentação de
Rodrigo Botti, da Terra Brasis Resseguros, durante painel do 6º
Encontro de Resseguro, que debateu os 10 anos do mercado local de
resseguro.
No Brasil, prosseguiu Rodrigo, o
Instituto Brasileiro de Resseguro (IRB) foi criado em 1939 para
evitar a evasão de dividas, contribuindo para o fortalecimento do
mercado de seguro brasileiro. Em 2007, dá-se, então, a abertura do
mercado de resseguro brasileiro, com o fim do monopólio do IRB. Em
2017, enfim, chegamos a uma estabilidade regulatória com cenário
bastante positivo.
Mas como a história é um processo em
constante construção, além de observar o passado, é necessário
pensar o futuro e os próximos passos, segundo o executivo da Terra
Brasis, devem estar focados na busca por uma melhora da eficiência
do mercado, alcançando o mesmo nível de qualidade do internacional.
Para isso, segundo ele, é preciso que novos produtos de resseguro
sejam criados, mas não só para grandes riscos. “Por aqui, 39% são
grandes riscos, enquanto, nos EUA, são apenas 8%”, afirmou. “E o
mercado brasileiro de resseguros pode dobrar apenas com a oferta de
novos produtos de resseguro”, concluiu. Outro caminho que pode
levar à duplicação do mercado é a conquista de 25% do mercado da
América Latina, que faria os prêmios brasileiros passarem de R$ 10
bilhões para R$ 23 bilhões. A boa notícia é que o Brasil está muito
bem posicionado para oferecer resseguro aos vizinhos, sendo ainda
menos afetado por catástrofes naturais que outros.
Mas para que isso ocorra, o mercado
brasileira precisa se internacionalizar, o que já vem ocorrendo.
Entretanto, ainda precisamos fortalecer esse movimento, segundo
Rodrigo, com algumas importantes medidas. Em primeiro lugar,
precisamos realizar uma isonomia tributária para reduzir o gap em
relação a outros países com menor carga tributária. Além disso,
também é necessário desenvolvermos as regras de transferência de
risco para o mercado de capitais, as regras de investimento e as
regras de aceitação de risco no exterior e ainda melhorar a
legislação trabalhista.
Também participando do painel , Carlos
Varela, o vice presidente Técnico da Fasecolda que, em suas
palavras, trata-se da equivalente à CNseg na Colômbia. País que, ao
lado do Peru, apresenta o maior índice de crescimento na América
Latina, mantido ao longo de vários anos, mas que, como lembrou,
interage pouco com o Brasil. Para as resseguradoras brasileiras
interessadas em investir no país de Gabriel Garcia Marques, Varela
deu o caminho das pedras. Antes de mais nada é necessário obter
registro que requer qualificação e patrimônio mínimos, além de
classificação mínima das agências de rating internacionais, como
Standart&Pool. Quanto maior essa classificação, menor o capital
de solvência necessário.
Vencidas essas etapas, de acordo com o
executivo da confederação das seguradoras colombianas, os
resseguradores estrangeiros encontrarão um mercado competitivo, em
um ambiente regulatório equilibrado, entrosado com o mercado e
preocupado com a proteção do consumidor. Alguém se habilita?