A mutualização dos riscos é uma
necessidade evidente, sobretudo em cenário de restrições
macroeconômicas como o atual. Sua importância evidencia-se em
situações como o encerramento de uma planta industrial, que afeta
negativamente a produção agregada, ou diante da ausência de planos
de saúde para funcionários, a qual pressiona a já insuficiente
capacidade pública. O cenário, complexo, sinaliza que a população
brasileira enfrenta momentos de dificuldades que a levam a um
escrutínio crítico de possibilidades de proteção, em face de perda
relativa de rendas e empregos. Já as empresas adaptam suas escolhas
a um orçamento limitado. E o governo quer exercitar políticas
públicas seletivas que respondam ao interesse da nação.
Há muitos anos, as entidades
representativas do setor de seguros desenvolvem projetos para a
formação e a capacitação de recursos humanos envolvidos na
prevenção e proteção de riscos que afetam o patrimônio, o futuro, a
vida e a saúde da população. Houve avanços extraordinários, que
dizem respeito a milhões de brasileiros. Afinal, a complexidade do
seguro é proporcional à sua importância para a preservação do
bem-estar e da riqueza das pessoas, famílias e empresas. Essas
diferenças estruturais, que alcançam a vida rotineira de milhares
de seguradoras, resseguradoras, corretoras de seguros e
profissionais da atividade, foram o que inspirou, alavancou e
consolidou a inestimável contribuição da hoje conhecida Escola
Nacional de Seguros.
A Funenseg, paradigma latino-americano
na educação e na pesquisa e divulgação de material técnico e
científico, é um exemplo bem-sucedido da iniciativa, consciência e
proatividade cidadã de setores privados, cuja contribuição global
para a sociedade supera R$ 360 bilhões anuais, sem contar os ativos
que garantem os riscos assumidos, devendo chegar perto de R$ 1
trilhão ao final de 2016.
Desde que foi inaugurado o marco
normativo seminal do seguro no Brasil, há mais de 50 anos, outras
iniciativas vêm sendo empreendidas na área da educação, construídas
pelas próprias seguradoras ou desenvolvidas pela CNseg, Fenacor e
sindicatos do setor.
O objeto de tamanha mobilização sempre
foram o consumidor do seguro, o cidadão e as empresas que buscam a
melhor proteção contra riscos de qualquer natureza. Agora, a CNseg
amplia sua contribuição para a missão educacional abrangendo o
setor securitário. Trata-se do Programa de Educação em Seguros.
Inspirado em outras iniciativas exitosas, como o da Insurance
Europe, congregação de órgãos seguradores europeus, pretende-se um
programa pragmático e múltiplo de ações para atingir, além dos
cidadãos, os órgãos de defesa do consumidor e os três poderes,
buscando permitir a sua mais ampla compreensão de matérias
referentes à sociedade como um todo. O programa nasce como vem
avançando a sociedade moderna. Envolvendo múltiplos públicos,
canais de interlocução e plataformas de diálogo. São cartilhas,
seminários, meios digitais, interatividade nas ruas. E sua
progressão virá a partir da resposta da sociedade. São dois os
nossos compromissos educacionais: usar uma linguagem mais adequada
e informação transparente para aproximar o cidadão do mercado
segurador; e levar às instâncias que elaboram as políticas públicas
todos os fundamentos e esclarecimentos que ampliem o entendimento
da missão do seguro. Com esse cenário, o setor segurador tem muito
que aportar para a retomada do desenvolvimento do país.
Marcio Serôa de Araujo
Coriolano é economista e presidente da CNseg