Apostando no orçamento mais limitado
de proprietários de automóveis na crise, mais seguradoras estão de
olho nesse produto. Veja como funciona
Com custo mensal a partir de 69,90
reais e sem a necessidade de avaliação de perfil do motorista, os
seguros de carro com rastreadores ficaram mais atrativos em um
cenário no qual o orçamento dos brasileiros está mais limitado por
conta da crise.
Tanto que a Porto Seguro resolveu
entrar nesse segmento no segundo semestre do ano passado,
oferecendo o Rastreador Mais Seguro. Fábio Braga, superintendente
da Porto Seguro Proteção e Monitoramento, lembra que atualmente
apenas 27% dos carros que circulam no país têm proteção.
Entre os proprietários de veículos que
não protegem o seu carro, mais da metade alega que o seguro é caro.
“Como as vendas de veículos novos estão estagnadas, temos de
atender esse público de alguma forma para ganhar mercado. Por isso
resolvemos entrar no segmento”, disse.
Além da entrada de novas seguradoras
no mercado, empresas fornecedoras do equipamento aumentam suas
parcerias com seguradoras para comercializar a proteção.
É o caso da Ituran, que já oferece o
serviço com garantia de indenização da Liberty, Cardiff, Mapfre e
QBE. A última parceria foi firmada no final do ano passado.
“Vemos agora muitos proprietários de
veículos pensando em trocar o seguro tradicional por um mais barato
porque o orçamento ficou mais apertado”, diz Roberto Posternak,
diretor da Ituran.
O seguro com rastreador nada mais é do
que um aperfeiçoamento da proteção oferecida pelo equipamento de
geolocalização que indica onde o carro está circulando ou
estacionado.
Agora, o equipamento tem a indenização
ao dono do veículo garantida por uma seguradora caso ele não seja
encontrado ou seja encontrado com mais de 75% de danos, quando a
perda é total.
As indenizações por roubo e furto
nesses casos costumam ser de 100% do valor do carro pela tabela
Fipe. Esse seguro geralmente já tem embutido no preço os principais
serviços de assistência 24 horas, como guincho, chaveiro e troca de
pneus. Coberturas contra perda parcial e contra terceiros podem ser
contratadas de forma adicional, o que aumenta o valor pago pela
proteção.
Por não exigir análise de perfil,
Posternak, da Ituran, diz que o público alvo da proteção são
motoristas com perfil de maior risco: jovens, que tenham carros com
mais de três anos de fabricação, vivem em áreas com mais
ocorrências de roubo e furto e usam o carro com frequência. “Para
esse público, o custo do seguro pode ser exorbitante. Oferecemos
uma opção mais acessível”.
As seguradoras geralmente oferecem a
proteção para veículos com até 20 anos de fabricação e que custam
até 60 mil reais. Os custos da proteção vão variar de acordo com o
valor e modelo do veículo. Os mais roubados terão, naturalmente,
uma proteção mais cara.
É necessário adicionar ao valor da
proteção a taxa cobrada para a instalação do rastreador no veículo,
que pode girar em torno de 300 reais.
Na Porto Seguro, o preço máximo da
proteção custa 119,90 por mês. Inicialmente, a proteção da
seguradora atende apenas a região metropolitana de São Paulo, o
litoral e algumas cidades do interior do estado.
Seguro com rastreador vs. Seguro
popular
No ano passado a Superintendência de
Seguros Privados (Susep) regulamentou um seguro de carro mais
barato, conhecido como Auto Popular. Em dezembro, empresas como
Azul e Tokio Marine já lançaram proteções que utilizam peças usadas
ou de reposição não originais novas em eventuais sinistros.
Questionado sobre se o produto fará
concorrência com o seguro com rastreador quando se trata de preço,
Fábio Braga, da Porto Seguro, aponta que, em média, o seguro com
rastreador ainda será mais barato que o Auto Popular. “Se o perfil
do motorista for considerado ‘ruim’ para um seguro tradicional, o
seguro com rastreador tende a ser mais barato”.
Isso porque a cobertura parcial por
colisão e contra terceiros são as que mais encarecem a proteção,
diz Arley Boullosa, professor da Escola Nacional de Seguros
(Funenseg). “O Auto Popular reduz um pouco o preço destas
proteções, mas o seguro com rastreador não oferece essas
coberturas. Portanto, continuará a ser mais acessível”.
O que deve guiar a escolha é a
necessidade e o preço da proteção, completa o professor. “O
consumidor deve ter consciência de que o seguro com rastreador
cobre apenas parte do risco, o que pode ser melhor do que não ter
proteção alguma”.