Professora do UniCEUB explica em
que casos a cirurgia é necessária
A partir desta segunda-feira, 6
de julho, começaram a valer as novas regras de atendimento de
partos feitos por meio de planos de saúde. A realização de cesáreas
ficou mais restrita, e as operadoras são obrigadas a pagar pelos
procedimentos se houver justificativa médica para a cirurgia. As
normas fazem parte de uma portaria do Ministério da Saúde.
O objetivo da medida, de acordo
com a ginecologista e professora do curso de Medicina do UniCEUB,
Miriam Monteiro Alvares, é tentar reduzir os altos índices de
cesáreas no Brasil.
“A cesárea é indicada quando há
sofrimento fetal, ou hiperatividade da mãe, por exemplo. Com o
aumento dos partos humanizados as cesarianas vêm, aos poucos,
deixando de ser as opções de cirurgias mais procuradas por
gestantes”, explicou a professora.
A mulher que, mesmo sem
necessidade médica, optar por ter o bebê via cesariana terá que
pagar pelo parto. As mudanças foram propostas pela Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) e visam informar à gestante sobre os
riscos da cesárea agendada, além de alertar se o obstetra realiza
mais essas cirurgias do que partos normais. As mulheres vão poder
solicitar dados ao plano sobre os índices desse tipo de cirurgia e
também o hospital onde planejam ter o bebê.
A proposta da ANS foi feita no
início do ano e os planos de saúde tiveram seis meses para se
adaptar. No setor privado as cesáreas chegam a 84%, enquanto na
rede pública representam 40% dos partos. A recomendação da
Organização Mundial da Saúde é de 15% desse tipo de cirurgia.
As gestantes também passarão a
ter um cartão com dados como resultados de exames, eventuais
complicações, se tomam algum medicamento, e se tem hipertensão. Já
os médicos são obrigados a realizar o partograma – um gráfico para
ser anexado no prontuário que detalha os procedimentos durante o
parto. Por meio da apresentação do partograma os especialistas
poderão receber pela cirurgia.
De acordo com a ANS e o
Ministério da Saúde, a cesariana sem indicação médica aumenta em
120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o
recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Pelo menos 25%
dos óbitos neonatais e 16% das mortes infantis no Brasil estão
relacionados a prematuridade, muitas vezes causadas por cesarianas
marcadas com antecedência maior do que o recomendado para alguns
bebês.