Sob
novo comando, superintendência de seguros deverá voltar a focar sua
atividade fim. Gestão anterior foi criticada pelas decisões de
cunho político
Com a
despolitização e a entrega da superintendência a um profissional
com mais de 30 anos de atuação no setor de seguros, a Susep
(Superintendência de Seguros Privados) volta a focar sua atividade
fim, ou sua missão legal. Nos últimos meses, a atuação da autarquia
se pautou pela exigência de solidez das seguradoras e defesa do
segurado.
Apesar de lógica, a postura conflita diretamente
com o que vinha sendo praticado. Mas ela é fundamental para o setor
prosseguir em sua evolução, não apenas quanto ao faturamento, mas,
sobretudo, quanto aos produtos oferecidos e à minimização de
conflitos entre seguradoras e segurados.
Com a
instituição do atuário independente, a Susep dá um passo importante
no sentido de oferecer mais transparência ao mercado, através da
verificação da realidade das companhias, quanto a solidez, reservas
e capacidade econômico-financeira de honrar os compromissos
assumidos, que é o que importa ao segurado.
De
outro lado, a recente regulamentação dos requisitos mínimos que
devem constar das apólices aumenta a possibilidade de compreensão
do segurado, que, por meio da leitura de informações padronizadas,
claras e objetivas constantes nos documentos, saberá avaliar melhor
quem é a sua seguradora e em que termos seu seguro foi
contratado.
O que
um órgão regulador tem que fazer é isso. Garantir ao segurado a
higidez necessária para que, em caso de sinistro, ele tenha o
pagamento da indenização como um ato de rotina e não como uma
exceção ou um favor da seguradora.
É
verdade que, desde a entrada em vigor do Código de Defesa do
Consumidor, o setor vem respeitando suas regras na simplificação da
redação das apólices, na criação de manuais do segurado, na
instalação de ouvidorias, na redução dos prazos de pagamento das
indenizações, na abertura de diferentes canais de comunicação. Isso
fez com que a atividade,comparada com outras áreas, tenha um índice
baixo de conflitos, com menos de 2% das divergências, resultando em
ações contra as seguradoras.
Como,
só isso? Então por que existem tantas ações judiciais envolvendo
seguradoras? Em primeiro lugar, diante dos 90 milhões de processos
judiciais que tramitam no Brasil, menos de 20 mil novas ações por
ano é um número insignificante. Em segundo lugar, falta comunicação
mais eficiente entre o setor e a sociedade, o que resulta no
desconhecimento de uma atividade que, em geral, funciona bem e com
poucos problemas. É só verificar quantos amigos temos que
precisaram processar a seguradora para receber uma indenização na
sua apólice de veículos. Com certeza, são poucos.
Ao
retomar os pontos realmente importantes para o bom funcionamento do
setor, a Susep está contribuindo de forma ativa para o surgimento
de novos produtos destinados a garantir melhor riscos cobertos por
apólices velhas, riscos sem qualquer tipo de cobertura e riscos que
ainda não haviam sido tratados pelo mercado.
Cabe
às seguradoras desenvolverem seus produtos de acordo com suas
políticas comerciais. Se eles serão ou não aceitos não é problema
do órgão fiscalizador. A ele cabe verificar se as regras estão
sendo respeitadas, se a atuação das companhias está se dando dentro
de princípios como impessoalidade e tratamento semelhante para os
segurados, se as cláusulas e condições ofertadas não significam
vantagem indevida, etc. Mas sua missão mais importante é verificar
se as empresas sob sua fiscalização estão capitalizadas, se são
líquidas, se têm políticas de proteção e transferência de
responsabilidade compatíveis com as operações, se as reservas são
as necessárias para fazer frente aos compromissos e se estão
adequadamente preparadas para operar de forma a respeitar os
direitos dos segurados. Limitando-se a fazer isso, a Susep estará
fazendo muito e contribuindo da forma mais eficaz para o
desenvolvimento sustentável de uma atividade fundamental para o
progresso, tranquilidade e paz social.