Ao
contratar o serviço, clientes devem ler com atenção todas as
cláusulas pactuadas para não cair em armadilhas. Valores ficam
entre 12% e 15% do custo dos produtos
O
celular é aparelho eletrônico com menor vida útil. De acordo com
levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
e da Market Analysis, de todos os produtos pesquisados, que incluem
geladeira, TV e computador, o celular foi apontado como o de menor
duração, com ciclo de vida em média de três anos, dificilmente
ultrapassando cinco anos. Por isso, os hábitos do consumidor
brasileiro têm mudado, abrindo mercado para o seguro de
eletrônicos. Os valores do serviço ficam em média entre 12% e 15%
do custo do produto. Um seguro de notebook que custa R$ 2 mil, por
exemplo, sai por cerca de R$ 300, enquanto o de um tablet de R$ 1,7
mil vale R$ 260. Entretanto, a fila pelo seguro dos eletrônicos
acarreta uma série de problemas.
Depois de comprar um telefone novo por R$ 1.500,
a arquiteta Luise Fernandez, de 24 anos, foi convencida pelo
vendedor a adquirir também o seguro do aparelho por R$ 50. A
tranquilidade de ser indenizada caso tivesse algum problema, no
entanto, não durou muito. Em uma viagem, Luise foi assaltada à mão
armada e o ladrão levou seu celular. Ela fez boletim de ocorrência
e, assim que retornou a Belo Horizonte, acionou a seguradora, que
solicitou que ela enviasse vários documentos para análise. “Me
pediram 10 dias para analisar os documentos e mais 20 para efetuar
o pagamento. Arrumei tudo o que eles pediram e enviei pelo Correio,
com aviso de recebimento”, afirma.
A dor
de cabeça começou quando a empresa afirmou que não havia recebido
os documentos, mesmo com a arquiteta tendo a confirmação de entrega
dos documentos em mãos. Foram mais de três meses de espera,
reclamações, inúmeros protocolos, que não davam nenhum resultado,
até que ela registrou uma reclamação na internet, no site Reclame
Aqui. “Todos os atendentes afirmavam que eu teria que enviar os
documentos de novo. Quando eu reclamei na internet, eles acharam os
papéis, entraram em contato e aprovaram a indenização, que ainda
demorou a ser paga”, lembra.
Para
evitar problemas como os de Luise, o Procon Assembleia afirma que o
consumidor deve tomar cuidados antes de contratar o serviço. O
primeiro passo é verificar se a empresa que está ofertando o
produto é regularizada pela Superintendência de Seguros Privados
(Susep), o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos
mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e
resseguro, vinculada ao Ministério da Fazenda. Feito isso, deve-se
observar o que está sendo ofertado pelo vendedor e o que está
escrito em contrato.
Furto
ou roubo
“É
comum oferecerem uma coisa e colocarem outra no contrato. O
consumidor deve ler minuciosamente e observar se tudo está
contemplado no papel para não cair em uma armadilha”, afirma o
coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa. Ainda de acordo
com Barbosa, a maioria das reclamações registradas no Procon é
sobre o não cumprimento do acordo firmado em contrato, como
negativa de indenização em alguns casos. Para evitar esses
problemas, o contrato deve conter informações sobre o que a apólice
cobre, o que não cobre, valor da indenização a ser recebida, entre
outros itens. “A maioria dos consumidores não sabe diferenciar
furto de roubo, por exemplo. Há uma diferença que deve ser
esclarecida antes de contratar o serviço”, afirma.
A
lista do que não é coberto pode ser extensa, como furtos simples,
danos por queda ou mau uso, etc. Para Fernando Vieira Júlio,
advogado especialista em direito do consumidor, isso torna
imprescindível a leitura prévia e atenciosa do contrato antes da
aquisição do seguro. Além disso, a maioria das opções no mercado
exigem carência de 30 dias. Caso o smartphone seja roubado antes
deste período, a seguradora não é obrigada a indenizar o cliente.
“O consumidor deve pedir uma cartilha sobre direitos e deveres para
não comprar gato por lebre”, afirma.
Até
2011, poucas seguradoras davam cobertura para celulares, serviço
que se popularizou nos últimos cinco anos. As companhias ainda não
divulgam o número de vendas de apólices, mas muitas afirmam que os
seguros para aparelhos vêm crescendo. Na Porto Seguro e no Grupo BB
e Mapfre são vendidos serviços ao consumidor que incluem até
back-ups. O segurado ainda pode incluir cobertura contra danos
elétricos, descargas ou oscilações de energia, curtos-circuitos,
além de cobertura internacional em muitos casos.