Levantamento da Minuto Seguros mostra cotação nos
93 distritos da capital.
Líderes em roubos, São Mateus e Teotônio Vilela
encabeçam o ranking.
Líderes em roubos e furtos de carros, os
distritos de São Mateus e Teotônio Vilela, na Zona Leste, têm
também os maiores valores de seguros de veículos na cidade de São
Paulo. É o que mostra um levantamento feito pela corretora online
Minuto Seguros a pedido do G1
Nos
bairros de São Mateus e Teotônio, 1º e 3º com o maior número de
roubos e furtos de carros em 2013, respectivamente, o valor do
seguro de um Uno fica em R$ 2.027,08. O seguro para o mesmo carro
sai por R$ 1.080,64 na Vila Nova Cachoeirinha (Zona Norte) – uma
variação de 88%. Se for levado em conta o Palio, a diferença de
preços na cidade ultrapassa os 100%.
O
levantamento da corretora foi feito com 13 seguradoras (Azul,
Allianz, Bradesco, Chubb, Hdi, Itaú, Liberty, Marítima, Mitsui,
Porto Seguro, Tokio, Yasuda e Zurich). O menor preço encontrado
para cada um dos três carros populares mais vendidos em 2013
(Palio, Gol e Uno) é o que foi utilizado. Para chegar ao valor, foi
usado o CEP de cada distrito policial como referência. O perfil
médio do segurado também foi um só: homem, na faixa dos 35 anos,
casado e com garagem em casa.
Zona
Leste
Os
dados revelam, no entanto, que nem sempre os distritos da capital
com mais roubos e furtos possuem os valores mais altos também para
o seguro. O distrito do Jabaquara (Zona Sul) é um exemplo. Segundo
com mais crimes do tipo em 2013, ele possui apenas o 73º seguro
mais caro para quem tem um Palio, e o 41º mais caro para o dono de
um Gol.
Segundo as cotações, são os distritos da Zona
Leste que concentram os maiores valores cobrados pelas seguradoras.
No caso do Palio, os 22 distritos com o valor mais alto estão nessa
região. O mesmo é verificado para o Gol: os 16 distritos que
possuem o seguro mais caro são da Zona Leste.
Vila
Carrão, por exemplo, que teve 550 roubos e furtos de carros no ano
passado (apenas o 75º índice entre os 93 distritos), tem o terceiro
seguro mais caro para o Uno.
Para
Eduardo Monaco, diretor de Inteligência de Mercado da Minuto
Seguros, isso acontece porque são diversas as variáveis usadas para
definir um preço. “Cada seguradora tem um processo de definição de
preço cada vez mais complexo, em que são cruzadas todas as
informações de perfil do segurado, o valor do carro e a localidade.
As seguradoras têm um histórico semestral e verificam se houve
muitos problemas em determinada região”, diz.
Para
Monaco, não existe preconceito com relação à Zona Leste por parte
das empresas. “O processo nas seguradoras é cada vez mais
científico, mais sofisticado, com estatística pesada. E é preciso
destacar que não são apenas os casos de roubo e furto que definem o
valor. Há incidência de outros fatores como risco de colisão, em
razão do número de acidentes, pequenos danos que são causados aos
veículos nas ruas, vias com menos infraestrutura”, diz.
O
coordenador da Comissão de Automóveis do Sindicato dos Corretores
de Seguros no Estado de São Paulo (Sincor), Nilson Arello, concorda
e diz que o critério é essencialmente “técnico” .“É um conjunto de
fatores que determina o valor do seguro. Hoje as seguradoras têm
condições de saber onde estão os roubos e até os clientes que podem
fraudar o seguro”, explica.
Segundo Arello, todos os cálculos de seguro de
automóvel têm quase 15 perguntas a serem respondidas no
questionário de avaliação de risco.
Seguro caro
Morador de São Mateus, o motorista Adelson
Batista da Silva, de 57 anos, diz que sofre para pagar o seguro do
veículo, um Palio Weekend. Como também utiliza o carro como táxi,
diz que desembolsa até R$ 6 mil por ano.
Ele
afirma que o valor é mais caro se comparado a outras regiões da
cidade, mas que não tem como abrir mão da segurança, pois já teve o
veículo roubado quatro vezes, sempre com uma arma apontada para si.
“Eu não me arrisco. Em uma das vezes, eu tinha acabado de quitar o
carro, estava contente, pensando que ia, de fato, começar a ganhar
dinheiro. Se eu não tivesse seguro, já era.”
O
comerciante Adriano Moura da Silva, de 31 anos, é taxativo: “Ficar
sem seguro é ficar sem o carro”. Ele, que também trabalha em São
Mateus, conta que paga estacionamento para guardar o carro ao lado
do estabelecimento e tem garagem em casa. Mesmo assim, foi
assaltado duas vezes nos últimos dois meses.
Dono
de uma Ecosport, ele paga R$ 3.500 de seguro. “Eu não imaginava que
era tão caro quando fui cotar, tão absurdo. Mas é a quantidade de
roubos que influencia mesmo.”
No
ano passado, 99.206 veículos foram roubados ou furtados na cidade,
o maior índice desde 2005. Em relação a 2012, houve um aumento de
14%. Em contrapartida, 39.692 carros foram encontrados pela polícia
em 2013 (veja a situação de cada distrito tanto em roubos e furtos
como em veículos recuperados).
Combate
A
Secretaria da Segurança Pública diz que adota medidas para combater
os roubos e furtos de veículos na capital, como a Lei dos
Desmanches, que endurece as exigências para venda de peças usadas,
e o leilão de veículos apreendidos para liberar os pátios
paulistanos.
Desde
setembro, as polícias também contam com o Ragisp (Relatório
Analítico Gerencial de Inteligência de Segurança Pública), um ‘mapa
do crime’ que aponta os principais pontos de incidência de
ocorrências, segundo a secretaria. Uma bonificação de até R$ 8 mil
por ano para os policiais militares, civis e técnico-científicos
que contribuírem para a redução dos índices de criminalidade também
foi implantada.