A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai
regulamentar o recall de produtos alimentícios no País. O texto que
servirá de base para a resolução obriga as empresas a comunicarem
ao órgão problemas constatados em seus produtos e dá poderes para
que a agência aponte prazos para o recolhimento de alimentos e a
forma como a companhia deverá informar problemas para os
consumidores.
"A Anvisa não dispõe no momento de instrumentos necessários para
garantir que a empresa comunique a população sobre eventuais
problemas com alimentos", afirma o diretor da agência, José Agenor
Álvares.
No caso da recente contaminação do suco Ades, a Unilever não era
obrigada a informar a agência sobre o desvio de produção. "Não
fomos comunicados. A informação foi dada num primeiro momento para
o Departamento de Proteção de Defesa do Consumidor", contou
Álvares.
No fim de fevereiro, uma falha em uma das 11 linhas da fábrica de
Pouso Alegre da Unilever fez com que 96 embalagens de 1,5 litro do
suco de maçã Ades fossem envasadas com soda cáustica e água. Quando
ingerido, o líquido provoca queimaduras.
A agência ficou sabendo do problema por meio da imprensa. "O
episódio reforçou a necessidade de regras claras para os casos de
desvios de produção", disse Álvares, que estuda estender a
iniciativa a outros produtos regulados pela agência.
Pelo menos 14 pessoas entraram em contato com a fabricante
relatando problemas provocados pelo consumo do produto. Para
Álvares, a forma como a população foi informada sobre a
contaminação também deixou a desejar. "Daí a importância de a
Anvisa verificar também a forma como as informações são prestadas à
comunidade."
Cronograma
A minuta da proposta será apresentada na próxima reunião da
Diretoria Colegiada da Anvisa, programada para terça. O texto,
depois de aprovado pela diretoria e pela consultoria jurídica da
agência, vai para consulta pública. A expectativa é de que o texto
final seja publicado em até quatro meses.
O diretor da agência defendeu também a definição de mecanismos
para garantir que o recolhimento do produto seja feito de forma
adequada, num prazo razoável. "Não vamos delimitar um período. Isso
vai depender de cada caso, mas é preciso que haja regras. O
objetivo é que produtos sejam retirados o mais rapidamente
possível."