Projeto de Lei (PL) nº 7.419/2006,
que sugere alterações à Lei dos Planos de Saúde, sofre resistências
na Câmara dos Deputados e o relator da proposta, Duarte
Junior (PSB-MA), garante que não irá fazer alterações no
texto para prejudicar o consumidor.
A proposta, que está travada há
quase duas décadas na Casa Legislativa, tinha previsão para ser
votada no primeiro semestre deste ano. No entanto, os deputados se
dedicaram a discutir outros temas, como a regulamentação da reforma
tributária.
Agora, segundo Duarte Junior, o
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
(PP-AL), teria sinalizado que o texto iria a plenário após o
recesso parlamentar, que acaba no início de agosto. Sobre este
fato, o relator enfatizou:
“Se o Lira decidir pautar esse projeto, pode ter certeza que
eu paro o que eu estiver fazendo para poder lutar para que o
projeto seja aprovado em benefício do consumidor. Agora, o único
jeito de passar pano para plano de saúde, que prejudica o
consumidor, que prejudica a população, é me retirando da relatoria.
Enquanto eu for relator, isso eu gostaria de destacar, isso não vai
acontecer.”
Arthur Lira se reuniu, em maio, com
operadoras de planos de saúde para tratar a respeito do
cancelamento unilateral em razão de transtornos ou doenças, em
especial daqueles pacientes com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Depois do encontro, algumas
operadoras firmaram um acordo com os deputados para reverter o
cancelamento unilateral de alguns beneficiados.
Projeto
não deve ser analisado antes das eleições
A Câmara terá apenas 9 dias de
trabalho em agosto e setembro por causa das eleições municipais e
apenas projetos prioritários devem ser analisados. A proposta que
envolve os planos de saúde tem forte lobby do setor de saúde e não
deve avançar no período eleitoral.
Duarte Junior foi oficializado pelo
PSB como pré-candidato à prefeitura de São Luís, capital do
Maranhão. Ele foi presidente do Procon do estado e atuou como
advogado na área de defesa do consumidor, além da inclusão de
pessoas com deficiência.
“Eu sou resistente a qualquer
tipo de proposta, sem qualquer escrúpulo, qualquer proposta que
venha prejudicar o consumidor”, ressalta o relator do texto.
De acordo com ele, foram apresentadas alterações que podem afetar
os beneficiados, o que ele não aceita acrescentar no relatório.
“Não posso aceitar que
propostas indecentes, elas venham a modificar o texto”, disse
o deputado, que completou:
“Eu chamo de proposta indecente, proposta sem qualquer tipo
de princípio, é muito mais do que uma ilegalidade, uma imoralidade,
um pecado, é querer consentir, legitimar, legalizar a rescisão
unilateral do contrato.”
O PL 7.419/2006 abrange mais de 200
projetos de lei para realizar alterações na legislação
atual. Um dos pontos do texto, por exemplo, prevê que em
contratos de coparticipação o percentual máximo a ser cobrado do
beneficiário não ultrapasse 30% do valor do
procedimento.
A Associação Brasileira de Planos de Saúde
(Abramge) informou que o setor de saúde suplementar
não enviou proposta ao Congresso Nacional, e rebateu o
posicionamento do deputado Duarte Junior.
“A Abramge reitera que
acredita, defende e trabalha por um diálogo baseado em
transparência e dados técnicos para que o acesso à saúde
suplementar tenha condições de oferecer o melhor serviço aos 51
milhões de beneficiários que hoje possuem plano de saúde e que
possa acolher ainda mais brasileiros”, diz trecho da nota
enviada pela Abramge.