Mercado de veículos usados tem
passado por um superaquecimento com vácuo deixado pelas
montadoras
O valor dos veículos seminovos está
cada vez mais assustador. Atualmente é quase impossível se falar em
carro popular. Antes, quando termo era empregado, remetíamos seu
valor a algo em torno dos R$ 20 mil, R$ 30 mil, no máximo R$ 40
mil. Esses mesmos modelos podem chegar a R$ 60 mil, mesmo
usados.
Claramente o seguro relacionado a
ele também encareceu, em alguns, casos quase dobrou. Segundo Thaís
Schossler, da Seguralta Corretora de Seguros, em Campo Grande,
alguns contratos que giravam em torno de R$ 1.800 agora chegam a
mais de R$ 3 mil.
Segundo o presidente do Sincor-MS
(Sindicato dos Corretores em Mato Grosso
do Sul), Fernando Faracco, o aumento se deve a uma retomada da
atividade econômica que decorre do arrefecimento da pandemia.
Isso porque como as montadoras
diminuíram a oferta de carros novos durante a pandemia, assim que a
demanda voltou a aumentar, o mercado de seminovos foi a principal
opção dos consumidores. Esse superaquecimento no setor fez os
preços irem às alturas, o que tem refletido diretamente no valor
dos contratos entre seguradoras e segurados.
“Com a volta da circulação das
pessoas, voltaram os acidentes. Muitos dos serviços estão mais
caros também, se as corretoras não reajustarem, elas quebram”,
explica Fernando.
O encarecimento da cobertura é
refletido na arrecadação do setor. De acordo com a Fenseg
(Federação Nacional de Seguros Gerais), houve alta de 8,8% na
comparação entre 2020 e 2021, tendo chegado a R$ 38,4 bilhões no
ano passado. Ainda segundo o Sincor-MS, o valor médio do aumento em
Mato Grosso do Sul é de 50% a 60%.
Como reduzir os impactos do
reajuste?
A margem para atenuar o aumento no
valor das apólices é pouca, segundo corretores e sindicato. “Sobre
reduzir coberturas para baratear os seguros, podemos até fazer,
mas, por exemplo, reduzir o valor de danos materiais e corporais
(danos a terceiros), fica um pouco inviável para o cliente, até
porque os valores dos veículos em média na grande maioria é acima
de 50 mil, em um PT (perca total) de terceiros, a seguradora vai
pagar apenas o valor contratado em apólice”, explica Eliandra Ramos
Gonçalves, da M&E Corretora de Seguros.
Fora isso, ela afirma que daria
para reduzir a quilometragem de cobertura do guincho, carro reserva
ou até mesmo aumentar o valor da franquia. “Mas isso são questões
que passamos para cada cliente poder analisar se realmente compensa
reduzir essas assistências”, finaliza.
Outro ponto que pode ajudar,
segundo Fernando Faracco, é realizar uma pesquisa bem feita. “Hoje
nós temos no país mais de 100 seguradoras, sendo que apenas 10 são
fortes no setor automotivo. Entre essas 10, algumas são fortes em
regiões específicas do país, por isso podem oferecer melhores
condições”.