Levantamento realizado
pela Conhecer
Seguros mostra que os profissionais estão
concentrados em grandes cidades
Os corretores de seguros estão mal
distribuídos no Brasil. Foi o que concluiu a Conhecer Seguros após
ter acesso a uma base com dados anônimos, obtidos em consulta feita
à Susep no fim de 2021. Mesmo sendo os principais agentes difusores
da cultura de investimento no país, a figura desses profissionais
em algumas regiões é inexistente.
Sidney Dias, diretor da
instituição, explicou que no Norte e no Nordeste do país a escassez
de corretor é ainda maior. “Essas regiões possuem percentuais muito
próximos de população sem suporte por corretor de seguros (…) Em
números absolutos, a região Nordeste é a que apresenta a maior
quantidade de pessoas desassistidas”.
Seguro Nova Digital – Em
muitos municípios brasileiros o corretor é uma figura muito
distante ou até inexistente. Em contrapartida, nas grandes capitais
esses profissionais disputam cada cliente. Você acredita que, no
Brasil, os corretores estão mal distribuídos?
Sidney Dias –
Sim, os corretores estão concentrados, na sua maior parte, em
grandes cidades. Na Conhecer Seguros, estamos desenvolvendo estudos
utilizando uma base com dados dos corretores de seguros, obtidos em
consulta recente que fizemos à Susep. Buscamos contribuir com
conclusões que poderão orientar ações para mudança desse
panorama.
S.N.D – A Conhecer Seguros
chegou à conclusão de que em algumas regiões do país não há a
participação de corretores. Como esse cruzamento de dados foi
feito?
S.D – Já
conseguimos fazer o cruzamento da quase totalidade dos dados com
números do IBGE sobre população e sobre outros aspectos dos
municípios. Embora ainda tenhamos um conjunto de aproximadamente 5%
do total de corretores (algo como 5.400 corretores PF e PJ) que não
conseguimos associar aos dados sobre municípios brasileiros, já é
possível afirmar que, no modelo atual de atuação desses
profissionais, há falta de corretores de seguros no Brasil.
- Em aproximadamente 60% dos municípios brasileiros não há
corretores de seguros: são algo em torno de 3.400 municípios, em
que não se tem registro de um só corretor de seguros para atender
às suas populações – um total de, aproximadamente, 40 milhões de
pessoas.
- As regiões Norte e Nordeste possuem percentuais muito próximos
de população sem suporte por corretores de seguro, de
aproximadamente 36%. Em números absolutos, a região Nordeste é a
que apresenta a maior quantidade de pessoas desassistidas, algo em
torno de 21 milhões, enquanto a região Norte apresenta uma
população de aproximadamente 7 milhões de pessoas sem acesso a um
corretor de seguros.
- Até mesmo em São Paulo, o estado que concentra algo em torno de
40% de todos os corretores do país – mais de 45.000 corretores PF e
PJ -, existem muitos municípios que não têm corretores de seguros:
as primeiras análises revelam que são mais de 200 municípios – ou
aproximadamente 30% do total de cidades paulistas – que não têm
corretores de seguros.
S.N.D – A cidade com maior
número de corretores do Brasil é São Paulo. Mesmo assim, pouco se
vê esses profissionais nas periferias, por exemplo. Como resolver
esse problema?
S.D – Embora
concentrados nas cidades de maior porte, há a percepção de que os
corretores pouco atuam nos bairros mais remotos – os subúrbios ou
periferias. Como não temos os dados com a distribuição dos
corretores por bairros ou regiões internas às cidades, ainda não é
possível se fazer esse detalhamento da análise.
Além do estímulo à formação de
novos corretores, a solução para aumentar a presença dos corretores
de seguros demanda, principalmente, criatividade e inovação – como
o uso de tecnologias que estendam o campo de atuação dos
corretores.
S.N.D – Atualmente se bate
muito na tecla do corretor ser um Agente Autônomo de Investimentos.
Ou seja, ele não é apenas um mero corretor, mas sim um consultor e
um consultor de investimentos para aquele consumidor. Como você
analisa essa nova função do profissional?
S.D – Aqui cabem
algumas ponderações. Na Conhecer Seguros nós ofertamos o curso de
preparação para a Certificação como Agente Autônomo de
Investimentos (AAI). Mas, orientamos os corretores de seguros que
nos consultam sobre esse curso a avaliar, de forma ampla, o
planejamento do seu negócio. A escolha por essa capacitação deve
ser feita com cautela, com a possível atuação como AAI alinhada à
visão estratégica de cada corretor de seguros. Fazer esse curso
apenas por modismo ou porque o corretor consegue adquiri-lo por um
preço que considera bom será perda de tempo e de recursos, gerando
frustração e atrapalhando o seu negócio de seguros.
Sem dúvida alguma, o corretor de
seguros que também se capacita como AAI, amplia seu conhecimento e
pode ser mais eficaz, ainda, na realização do seu trabalho. Mas,
temos a clareza de que não há um caminho único: para a maioria dos
corretores de seguros – que são apaixonados pela gestão de riscos e
seguros -, uma possível capacitação como AAI pode ter lugar de
destaque no seu planejamento, embora sem grau de urgência ou alta
prioridade.
S.N.D – Qual é a importância
da capacitação do corretor para que mais pessoas entendam a
necessidade do seguro?
S.D – Um corretor
capacitado e permanentemente atualizado é um profissional muito
valioso para os negócios de seguros. Mais ainda: se esse corretor
também estiver motivado para ser um conselheiro para proteção
contra perdas financeiras através dos seguros, ele se converte em
um agente de transformação da sociedade.