Seguradoras especializadas podem
usufruir de projetos de novas rodovias e ferrovias, da expansão da
geração e transmissão de energia, da telefonia 5G e da navegação de
cabotagem
Ano novo, vida nova. Não, ano novo,
vida que segue. No mais, levamos nas costas milhares de votos de
boa sorte, muita saúde, alegria e felicidade. Quanto se converterá
em realidade, quanto permanecerá apenas votos de boa vontade, o
futuro dirá. Agora é cedo, especialmente num ano como deve ser
2022.
Quem disser que sabe como será o
ano é mágico de cartola alta, oráculo de Delfos, com a pitonisa
numa viagem do tamanho das aventuras de Ulisses. E ainda assim tem
chance de errar.
O ano de 2022 será completamente
atípico. De certo, certo mesmo, apenas que estamos nele.
O resto é chute, boa vontade, boa
intenção e muita reza brava para as coisas darem certo, seja lá o
que isso quer dizer. Até porque há dois lados, e dar certo para um
quer dizer dar errado para o outro.
A inflação está alta. Tem quem diga
que vai cair ao longo do ano – tomara que caia! –, mas nesse
achismo tem muito de ilusão mascarando a esperança. A inflação está
alta, pode cair, mas tem tudo para não cair.
Nós já vimos o filme. Começar é
fácil, duro é manter o controle do barco na rajada de vento sul. E
a tripulação que temos está longe de ser marinheira, estão mais
para arrais do que para capitão.
Como se não bastasse, há eleição e,
em nome de ganhar, vale tudo. Ulysses Guimarães, do alto de sua
longa trajetória, dizia que, em política, a única coisa feia é
perder.
A turma que está na disputa
acredita piamente no mantra do Pai da Constituição dos
Miseráveis.
Neste cenário, com o orçamento do
governo federal sendo o maior da história, quer dizer, tendo
dinheiro para queimar à vontade, dá para fazer um pouco de tudo,
ainda que arrebentando com os pressupostos socioeconômicos da
nação.
Vai ser um ano para profissional, e
o setor de seguros não é diferente das demais atividades.
O ano de 2021 foi positivo, mas
entre ser positivo e ser bom vai um espaço enorme. Tem gente que
perdeu dinheiro. E tem gente que ganhou, puxado pelas atipicidades
que marcaram a economia global e do Brasil em particular.
Há espaço para o setor de seguros
crescer, mas esse crescimento não é uma aposta certa. E existem
barreiras que precisam ser ultrapassadas antes de se
comemorar.
Pelo menos na teoria há a
possibilidade de a infraestrutura puxar o carro, em novas obras
rodoviárias, ferroviárias, expansão da geração e transmissão de
energia, telefonia 5G, navegação de cabotagem, petróleo e gás, água
e saneamento etc.
Quanto disso vai efetivamente
acontecer, é outra história. Mas, se apenas uma parte sair do
papel, o setor de seguros terá o que comemorar. Todavia, é preciso
não perder o foco. Ganharão as seguradoras especializadas nesses
riscos, e elas são poucas. Além disso, a massa de prêmios gerados
não chega perto dos prêmios do varejo.
Como cautela e canja de galinha
nunca fizeram mal a ninguém, agora é melhor ficar com o certo, com
os seguros já existentes e suas renovações, como a base para
começar o ano. Mais do que isso é colocar o carro na frente dos
bois. O depois, a gente vê depois.