Para
os economistas que participaram do segundo painel – “Três visões
para o Brasil do amanhã” – na 10ª Conseguro que começou nesta
segunda, dia 27, o Brasil pode ter um crescimento em torno de
1,5%, ou até menos em 2022. Com mediação de Márcio Coriolano,
presidente da CNSeg, participaram os economistas Marcos
Lisboa, diretor-presidente do Insper, Marcio Holland, professor da
Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas
(FGV), e Carlos Kawall, diretor do ASA Investments.
Segundo eles, o Brasil tem contrastes e dificuldades que são
grandes, mas há oportunidades de investimento, como nas áreas de
infraestrutura e meio ambiente.
Com
a economia mundial num ritmo menos favorável e os indicadores
macroeconômicos ainda sem cenário de melhoria, a exemplo da
inflação, juros e câmbio, o Brasil lida ainda com problemas
estruturais graves. Entre eles, baixa produtividade, estrutura
tributária perversa, uma economia fechada a setores, baixo grau de
efetividade do gasto público e desigualdade de renda.
“O
setor de seguros necessita de um cenário macroeconômico de queda da
inflação, que traz fôlego e renda aos consumidores, e queda da taxa
de juros, que estimula a tomada de empréstimos. Se tivermos isso,
poderemos seguir pelo menos a trilha de crescimento registrada nas
últimas décadas”, comentou Marcio Coriolano.
Marcio Holland, professor da Escola de Administração de Empresas da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou que o mundo mostrou, nos
anos 2000, ter capacidade para gerenciar diversos aspectos como
juros e inflação e ainda crescer em média 4,5%. Mas veio a crise
financeira de 2008, com efeitos em alguns países, até hoje. “Houve
uma mudança muito forte dos bancos centrais, com taxas negativas de
juros, com políticas não convencionas para mitigar os efeitos das
crises. Isso gerou um crescimento médio de 1,5% da economia mundial
que vemos hoje. Podemos até conseguir crescer novamente, mas o
cenário não é fácil”, afirmou.
Para
Carlos Kawall, diretor do ASA Investments, a economia mundial deve
crescer menos em 2022, o que deverá influenciar a economia
brasileira. “Como 2022 será ano eleitoral, existe a possibilidade
de expansão de gastos e de investimento, o que seria um contraponto
no ano que vem, embora algo de curto prazo”, disse.
Segundo ele, o Brasil dependerá da economia mundial, que mostra um
certo arrefecimento nos EUA. “O ponto de atenção é a China, que
quer crescer com mais qualidade e coibir excesso de crédito. O país
está de olho na especulação imobiliária. É um ingrediente novo no
contexto da economia global. Para nós, que temos uma dependência
grande da China, é importante levar isso em
consideração”.
Para
o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, o Brasil vem
crescendo pouco há mais de 40 anos, o que é influenciado pela baixa
produtividade. Segundo ele, o país tem questões estruturais mais
profundas do que as taxas de juros e câmbio. “É uma ilusão achar
que, para crescer, basta investir. O resultado do investimento
depende de vários fatores.
Lisboa acrescenta que os problemas estruturais do país vão muito
além da macroeconomia. A estrutura tributária distorce os
investimentos, o consumo e a renda. Além disso, a economia
brasileira é fechada e, assim, não se beneficia dos ganhos de
produtividade de outros países. O Brasil também se se destaca pelo
baixo grau de efetividade do gasto público.
Marcio Coriolano pontuou que, mesmo nos períodos mais duros, com
queda do PIB, o mercado segurador teve taxas de crescimento acima
da média de outros setores. “Mesmo antes da pandemia, seguros já
tinha um comportamento anticíclico, com crescimento em
“V”.
Em
julho chegamos com o mesmo ritmo de desenvolvimento pré-pandemia.
Vida e saúde lideram. No entanto, o setor necessita de um cenário
macroeconômico com queda de inflação, que traz fôlego de renda aos
consumidores, e queda da taxa de juros, que estimula a tomada de
empréstimos. Se tivermos isso, seguiremos na trilha de crescimento
registrada nas últimas décadas”, concluiu.