O
mercado de seguros, embora esteja assintomático no momento atual,
pode começar a sentir os efeitos da crise na economia. Esse risco
torna-se mais iminente diante da pouca disposição do órgão
regulador para o diálogo, optando por impor mudanças sucessivas e,
muitas vezes, açodadas no marco regulatório, sem um debate mais
aprofundado com o setor privado. A afirmação foi feita pelo
presidente da Fenacor, Armando Vergilio, durante o “Conexão Futuro
Seguro Brasil”, que encerrou, nesta terça-feira (31 de agosto),
após nove etapas regionais, o ciclo de eventos virtuais “Conexão
Futuro Seguro”, organizado pela Federação, a ENS e os Sincors.
Vergilio participou, como mediador, de edição especial do
“Connection Talk”, debate sobre as perspectivas do setor, e que
reuniu ainda as principais lideranças do mercado: os presidentes da
CNseg, Márcio Coriolano; da ENS, Lucas Vergilio; e das seguradoras
Bradesco, Ivan Gontijo; Porto Seguro, Roberto Santos; MAG, Helder
Molina; Tokio Marine, José Adalberto Ferrara, Zurich, Edson Franco;
Sulamérica, Ricardo Bottas; Liberty, Patrícia Chacon; e HDI, Murilo
Riedel.
Armando Vergilio, acrescentou ainda que algumas das mudanças
aprovadas pela Susep sequer foram experimentadas por qualquer outro
país, como o open insurance e sua “aberração totalmente ilegal, a
sociedade iniciadora de seguros”
A
crítica feita pelo presidente da Fenacor encontrou eco nos demais
participantes no debate. Lucas Vergilio, por exemplo, disse que o
órgão regulador virou as costas para o mercado e não dialoga com
Corretores e seguradores. “De maneira açodada, várias medidas foram
aprovadas desde o ano passado. Não podemos deixar de nos
posicionarmos. As instituições precisam mostrar força no seu
posicionamento. Somos um mercado que gera muitos empregos, protege
o cidadão e contribui de forma significativa com a economia do
país. Precisamos melhorar o ambiente regulatório e o ambiente de
negócios. Não podemos continuar convivendo com essas incertezas”,
alertou o presidente da ENS.
Por
sua vez, o presidente da Porto Seguro, Roberto Santos, foi ainda
mais enfático nas críticas, principalmente ao open insurance e à
criação da figura da sociedade iniciadora de serviços de seguros.
“Essa figura vai fazer concorrência ao corretor, que é o
representante legal do segurado previsto em lei. Não concordamos
com esse negócio. A Porto Seguro vai agir para impedir a
implementação desse Frankstein. Vamos lutar até a última
instância”, assegurou Santos.
Já
Murilo Riedel enfatizou a importância do Corretor de Seguros que,
segundo ele, é o grande ativo das seguradoras. “Temos obrigação de
cumprir o open insurance, mas também de proteger nosso maior ativo,
que é o Corretor. Os nossos acionistas investem no Brasil porque há
um canal de distribuição que vale bilhões. Então, temos o dever de
defender esse ativo neste momento de dúvidas e incertezas. Todo o
mercado estará ao lado do Corretor, que é o maior sistema de
distribuição de seguros do planeta”, comentou o presidente da
HDI.
O
presidente da CNseg também destacou o papel exercido pelo Corretor
dentro do contexto de um mercado que, na definição dele, é o “braço
solidário para a proteção de todos os brasileiros”. Segundo Márcio
Coriolano, tudo que o mercado tem demonstrado durante a pandemia
contraria aqueles que apontavam o setor como um segmento atrasado.
“É o Corretor que leva o seguro à população de todo o país,
demonstrando capacidade de superação e dinamismo. A tecnologia não
chega a alguns rincões do Brasil, mas o corretor está sempre
presente”, declarou.
Helder Molina indicou a relevância do Corretor na distribuição de
seguros relevantes para a população. O presidente da MAG lembrou
que o mercado pagou 72 mil indenizações, somando mais de R$ 3
bilhões por mortes decorrentes do coronavírus. “Essas representam
10% das mortes registradas no país e é a real penetração do seguro
de vida nos lares. Isso é muito pouco comparado a outros países.
Nos EUA, na Europa e na Ásia esse percentual chega a 70% . O
Corretor tem a missão vital de mudar isso. É a grande oportunidade
que temos pela frente para corrigir essa gap”, frisou Molina.
Ivan
Gontijo tem visão semelhante. Para o presidente da Bradesco
Seguros, cabe ao corretor de seguros apresentar as reais
necessidades do consumidor para que as seguradoras possam aprimorar
serviços, produtos e coberturas, oferecendo o que há de melhor para
a sociedade. “Vocês fazem o elo de ligação com a sociedade e só
vocês podem fornecer informações para melhorarmos nossos produtos”,
comentou.
Ferrara, da Tokio Marine, igualmente manifestou a certeza de que o
mercado tem muito espaço para ocupar nos próximos anos. Segundo
ele, tudo indica que o setor tem potencial para dobrar de tamanho
nos próximos cinco anos. O executivo também prometeu apoio ao
Corretor em qualquer cenário. “Seja qual for a mudança que vier,
vamos colocar corretor no processo. Vamos crescer dois dígitos este
ano e continuara crescendo dois dígitos em 2022. Vamos entrar no
próximo ano acelerando para crescer ainda mais”, assegurou.
Edson Franco, presidente da Zurich, frisou que pensar em riscos e
no que pode dar errado é parte importante do “nosso negócio”.
Ressaltou, contudo, que, neste momento. É preciso adotar um estado
de espírito mais positivo. “Devemos perguntar o que pode dar certo
Convido os corretores para, juntos, criarmos um futuro melhor”,
afirmou.
Ricardo Bottas também sinalizou otimismo, enxergando um “cenário de
muitas oportunidades”. Na opinião dele, a pandemia acelerou
processos e a digitalização tanto das seguradoras quanto dos
corretores, que estão mais digitais. “Temos que enxergar esse
ambiente como oportunidades e desafios. Os riscos vão acontecer se
não enxergarmos as oportunidades. Contamos com os corretores e
acreditamos que a crise está mais perto do fim”, conclamou o
presidente da SulAmérica.
Por
fim, Patrícia Chacon comemorou o fato de o mercado se mostrar cada
vez mais resiliente e com “capacidade incrível” de se reinventar.
Nesse contexto, ela acredita na parceria com o corretor e na
capacidade desse parceiro para olhar o consumidor e ver o que ele,
de fato, precisa. “O cenário na economia é desafiador. Houve
impacto relevante nos bolsos dos brasileiros. Isso torna ainda mais
fundamental o papel do corretor, para que se possa garantir que o
cliente tenha o que precisa em coberturas, sem mais nem menos”,
apontou a presidente da Liberty.
PALESTRA:
No
bloco seguinte foi apresentada a palestra sobre o tema
“Criatividade e Empreendedorismo em Tempos de Incertezas”,
ministrada por Luiz Felipe Pondé, um dos mais renomados filósofos
da atualidade.
Segundo ele, é importante ampliar o conceito do corretor de seguros
como um curador de cuidados e de proteção para a sociedade, dentro
de um contexto em que fica claro que as incertezas vieram para
ficar. “Hoje, o mundo é excepcionalmente rico em incertezas. Porque
é baseado na mobilidade contínua. Isso significa que o avanços de
técnicas cria movimentação contínua na sociedade. Isso não vai
mudar, porque o mundo pressupõe um debate contínuo de ideias”,
salientou.
PREMIAÇÕES.
Ao
longo do evento e até antes, durante o “esquenta”, que começou às
16 horas, com o humorista Diogo Portugal apresentando um stand-up
com foco em situações próprias do mercado de seguros, os
participantes ganharam muitas premiações oferecidas pela
organização e pelas seguradoras apoiadoras.
Na
lista das premiações oferecidas pelas seguradoras constaram adegas
de vinho e de cervejas; vouchers de R$ 1 mil; uma chopeira; e 02
bicicletas Caloi, de 21 marchas.
Além disso, a organização premiou
os participantes com um notebook e um smartphone de última
geração.
Um
dos momentos mais aguardados foi a realização dos sorteios de 02
carros zero km, o primeiro oferecido pela MAG Seguros e o outro,
pela organização do evento. Os ganhadores foram, respectivamente,
os corretores de seguros Braz Romildo Fernandes e Julio Arabi,
representante da Mantoban Corretora de Seguros, ambos de São
Paulo.
EMOÇÃO.
Houve espaço ainda para muita emoção quando executivos de sete
seguradoras, que participaram do evento (HDI, MAG, Tokio,
SulaAmerica, Liberty, Zurich e Bradesco)anunciaram a doação de,
cada uma, mil cestas básicas para a ação social “Conexão
Solidariedade” que visa a amparar famílias carentes atingidas pela
pandemia.
Como
a Fenacor havia se comprometido a dobrar o número de doações, a
ação já contabiliza, no mínimo, 14 mil cestas básicas. “Poderemos
chegar a 20 mil cestas com as muitas doações que estão sendo feitas
por Corretores de todo o Brasil. Serão toneladas de alimentos. Fico
muito feliz”, afirmou Armando Vergilio, em tom emocionado.