Segundo especialista,
resolução pode ser oportunidade de reorganizar atendimento. Uma
alternativa para administrar a demanda está em soluções que
integrem as agendas dos prestadores
Diante das novas regras da ANS (RN 259), aprovadas no final de
2011, que estipulam que as operadoras devem garantir aos usuários
acesso a atendimento básico, como pediatria, clínica geral,
cirurgião geral, ginecologia e obstetrícia, em no máximo sete dias,
as empresas de plano de saúde devem se organizar e adotar novos
protocolos para conseguirem colocar em prática essas
exigências.
Segundo o especialista em planejamento avançado da TOTVS
Consulting, César Nanci, essa determinação pede que seja feita uma
revolução na forma de atuação das operadoras. “Se antes a
demanda se adequava a oferta, agora as operadoras terão que atender
em um prazo pré-estabelecido e o cliente poderá colocar de volta o
problema no colo da empresa”.
Sendo assim, Nanci conta que uma alternativa para organizar a
demanda de solicitações dos beneficiários é a implantação de
soluções que integrem as agendas dos prestadores e possibilitem a
visibilidade das consultas em toda rede. “Uma alternativa é
estabelecer um processo de agendamento centralizado e, até mesmo
autoatendimento via internet”.
Nanci explica que está na hora de as operadoras centralizarem as
operações para que possam saber onde está toda oferta de médicos.
“Essa agenda pode ser um recurso em nuvem, e deve ser alimentada
para que fique disponível online”.
Para aprimorar o tempo de atendimento, o executivo sugere que
seja calculado a duração da consulta de cada especialidade, gerando
projeções de demanda futura com base nos dados de atendimento. “Com
esse resultado, as empresas podem olhar o histórico e ver se o
tempo de consulta está bem dimensionado”.
No entanto, Nanci explica que o tempo de consulta pode variar de
acordo com a necessidade do paciente e fazer esse controle não quer
dizer diminuir o tempo de consulta. “Deve-se adequar a duração
de atendimento à demanda. Se as consultas com pediatra duram mais
tempo, então está na hora de disponibilizar mais profissionais
desta especialidade”.
Para o diretor da TOTVS Consulting, Denis Del Blanco, essa
estipulação da ANS pode ser vista como uma oportunidade para as
empresas de planos de saúde se organizarem melhor, tornando-se um
diferencial competitivo.
Del Blanco afirma que a implantação de planos de contingência
também se faz necessária neste momento. “Essas estratégias permite
que as empresas forneçam uma resposta rápida às variações de
demanda”.
Entre as possibilidades de táticas de contingência, ele cita a
criação de parcerias, para disponibilizar mais profissionais para o
atendimento bem como um planejamento futuro dos períodos mais
críticos.
“Os meses entre maio e agosto costumam ser mais frios e
consequentemente as pessoas ficam mais doentes. Diante dessa
realidade, as operadoras podem criar parcerias temporárias com
médicos especializados nesse tipo de demanda, para que atendam os
pacientes, caso faltem profissionais”.
O diretor da TOTVS Consulting completa ao dizer que é necessário
ajustar também a oferta de canais de atendimento, em função das
variações no volume de ligações no call center, remanejando a
estrutura para atender novas demandas. “Dessa forma, os
clientes poderiam, por exemplo, agendar as consultas via internet
ou call center”.
Colocando em prática
Del Blanco acredita que vai haver um período de adaptação do
próprio consumidor, que eventualmente precisará passar com um
médico diferente do que está acostumado. Mas acha que o
autoatendimento pode funcionar, pois o consumidor está acostumado
com essa realidade.
Ele encerra ao dizer que as
operadoras que aproveitarem esse período para se organizar vão ter
um beneficio grande no setor e diminuirão as reclamações no
Procon.