A interferência do Legislativo e do
Judiciário no funcionamento do mercado de seguros preocupa as
lideranças do setor. Esse foi, inclusive, um dos pontos discutidos
durante o webinar realizado pela CNseg nesta semana, com as
participações dos presidentes da confederação, Marcio Coriolano; da
FenSeg, Antonio Trindade; da FenaSaúde, João Alceu Amoroso Lima; da
FenaPrevi, Jorge Nasser, e da FenaCap, Marcelo Farinha.
Segundo dados divulgados no debate,
atualmente há mais de 4,8 mil projetos de lei no Congresso
Nacional, nas Assembleias Legislativas estaduais nas Câmaras
Municipais que atingem diretamente o setor. Além disso, são
constantes as decisões judiciais que impõem novas obrigações não
previstas nos contratos.
Segundo Márcio Coriolano, essa
interferência afeta a estabilização financeira, que é vital para a
indústria de seguros. “Sem ela, as seguradoras não estarão
preparadas para responder à crise. Querer que as seguradoras cubram
coberturas excluídas em contratos, retroativamente, é colocar em
risco a solvência do setor”, comentou o presidente da CNseg.
O setor de saúde suplementar é o
mais afetado, concentrando aproximadamente mil projetos em
tramitação. Além disso, há muitas ações na Justiça. Para o
presidente da FenaSaúde, não é possível mudar um setor regido por
uma lei especifica com um projeto ou liminar. “A judicialização tem
um custo caro para todos e isso elitiza o uso do plano de saúde”,
frisou João Alceu Amoroso Lima.
Ele acrescentou que o foco da
Agência Nacional de Seguros (ANS) tem sido o de manter o mercado em
funcionamento. Nesse contexto, foram feitos ajustes, mas que não
atendem ao principal problema de blindagem da inadimplência, “o que
pode ameaçar a solvência das operadoras”.
Por sua vez, o presidente da Fenseg
alertou para o risco oferecido por projetos que ameaçam o
equilíbrio dos contratos. “As exclusões estão muito claras nas
apólices e as seguradoras vão seguir o que está escrito. Se tem
cobertura indeniza. Se não, não indeniza”, observou Antonio
Trindade.
Já o presidente da FenaPrevi
advertiu que não se pode esquecer neste momento que o seguro sempre
foi parte da solução e que o olhar de longo prazo é vital.
“Precisamos preservar as instituições e seus direitos, bem como
entender que estamos em momento de exceção. Precisamos de tempo,
entendimento e de diálogo. Essa é a grande contribuição do
regulador neste momento. Disso depende a nossa capacidade para
ofertar novos produtos à sociedade”, disse Jorge Nasser.