Médico: a cada exame realizado que custa 100
reais, 24 reais sai do bolso do empregado, em
média (megaflopp/Thinkstock)
Estudo da Mercer Marsh Benefícios
mostra que nos últimos cinco anos o porcentual de empresas que usam
o sistema de coparticipação subiu de 51% para 74%
São Paulo – Em média, funcionários
estão pagando até 24% dos valores dos procedimentos médicos
em planos de saúde empresariais que
utilizam o sistema de coparticipação, compartilhamento do custo do
plano entre empregador e funcionário.
Ou seja, quando o trabalhador
utiliza o plano de saúde para uma consulta ou exame que custa 100
reais, 24 reais sai do seu bolso. É o que conclui uma pesquisa da
consultoria de benefícios Mercer Marsh Benefícios.
O modelo de coparticipação é
utilizado em procedimentos de baixo custo, como pagamentos dos
valores de consultas, que custam em torno de 90 reais, exames
simples, que custam de 5 a 100 reais, terapias e atendimentos em
pronto-socorro, que custam em média 250 reais.
Contudo, o compartilhamento de
custo de procedimentos médicos entre empregador e empregado pode
também incluir exames especiais, como tomografias, que custam cerca
de 1 mil reais. Ou seja, nesse caso, o trabalhador paga 240 reais
pelo procedimento, em média.
Pela legislação, os benefícios na
empresa não podem somar mais de 30% do salário dos funcionários,
mas geralmente, quando é atingido esse limite no mês, o saldo
excedido na coparticipação é cobrado pela empresa sobre salários
posteriores ou até na rescisão, explica Mariana.
Por isso, é aconselhável o
trabalhador se precaver para não tomar um susto ao olhar o holerite
do mês. “A dica é conhecer a política de coparticipação da empresa
e usar o plano somente para o que é realmente necessário”.
O levantamento analisou as práticas
de concessão de planos de saúde de 611 empresas no Brasil e
identificou que 74% delas já adotam a coparticipação. Em 2015, eram
51%.
Mariana Dias Lucon, diretora de
produtos da consultoria, aponta que uma série de fatores colaboram
para a adoção do modelo, entre elas o aumento do custo de planos de
saúde, envelhecimento da população, inclusão de novos procedimentos
médicos no rol mínimo da ANS e o aumento do uso do benefício. “A
coparticipação é uma forma para moderar o uso do plano de saúde em
uma época de crise econômica. Atualmente usamos o plano como se
fosse um cartão de crédito sem limites. Vamos ao pronto socorro ao
invés de marcar uma consulta, por exemplo”.
Além de mais empresas adotarem nos
últimos anos o modelo de coparticipação, a pesquisa da Mercer Marsh
Benefícios aponta que outra atitudes foram tomadas de forma a
reduzir custos com planos de saúde: enquanto 46% delas incluíram ou
alteraram o desenho de coparticipação em procedimentos, 39%
migraram de operadora, 28% alteraram a elegibilidade de nível de
plano por cargo, enquanto 23% alteraram a contribuição fixa do
empregado.
A Mercer Marsh Benefícios não
verificou retirada de benefício de plano de saúde das empresas. “Há
barreiras jurídicas e contratos coletivos em determinadas
categorias que podem impedir um corte total do custo. Por isso as
empresas vêm optando por essas alternativas, mas ainda assim com
planejamento cuidadoso, pois mesmo modificações no desenho dos
planos pode gerar implicações jurídicas e conflitos com
sindicatos”.
No acumulado de 8 anos, a evolução
do custo com saúde foi de 150%, quase três vezes superior à
inflação econômica (IPCA) que foi de 64% no mesmo período. Mariana
acredita que, em cinco anos, praticamente a totalidade das empresas
deve adotar o modelo de compartilhamento de custos.
As empresas que participaram do
estudo são de grande e médio portes: 57% são multinacionais e 58%
têm faturamento acima de 100 milhões de reais. A amostra analisada
abrange 2 milhões de usuários de planos de saúde empresarial (1,5
milhão de trabalhadores mais os seus dependentes nos planos).