Paralisação afeta pacientes de 23 Estados e do
Distrito Federal
Médicos de 23 Estados e do Distrito Federal paralisam o
atendimento a certos planos de saúde nesta quarta-feira (21) para
cobrar um aumento no valor pago pelas consultas e também para
protestar contra o que os profissionais chamam de “postura abusiva
e antiética” das seguradoras. De acordo com a Agência Brasil, a
estimativa é de que os planos afetados tenham de 25 milhões a 35
milhões de usuários, o que corresponde a 76% do total de clientes
em todo o país.
Hoje, os médicos prometem não atender consultas eletivas
(marcadas com antecedência), que devem ser remarcadas. Em nove
Estados, todos os planos serão atingidos. Em outros 14 e no
Distrito Federal, apenas algumas empresas serão afetadas.
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que regula esse
mercado no Brasil, diz que, “para os atendimentos eletivos, as
operadoras devem providenciar um novo agendamento das consultas,
exames, internações ou quaisquer outros procedimentos com
solicitação médica prévia, em tempo razoável, de forma a garantir a
assistência à saúde de seus beneficiários consumidores”.
Procedimentos de emergência devem ser realizados normalmente. A
agência diz que não há “justificativa legal para a suspensão de
atendimento nesses casos".
Em nota, a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar),
que representa 15 das maiores operadoras do país, diz que vem
negociando a remuneração com os médicos e que suas afiliadas estão
entre as que pagam os maiores valores pelos procedimentos.
Essa é a segunda vez que os médicos param neste ano. O primeiro
boicote aconteceu em 7 de abril deste ano, com o objetivo de abrir
um canal de negociação com os planos de saúde. De acordo com os
profissionais, as empresas se recusavam a rever os valores das
consultas e dos procedimentos.
A categoria reivindica que o valor médio da consulta passe para
R$ 60. Pede ainda que seja incluído no contrato com as operadoras
um índice de reajuste anual. Atualmente, o valor médio pago por
consultas é de R$ 40, mas há planos de saúde que pagam de R$ 15 a
R$ 20 por consulta médica. Apenas uma operadora paga R$ 80 por
consulta médica.
Os médicos também cobram das operadoras o fim da interferência
das operadoras sobre o trabalho dos profissionais – eles reclamam
de supostas atitudes como “glosas indevidas”, que é quando o plano
rejeita a prescrição de um tratamento ou se recusa a fazer o
pagamento pelo procedimento, e a colocação de limites sobre o
número de consultas ou exames. Também há reclamações sobre supostas
pressões para que pacientes internados recebam alta logo.
De acordo com o CFM (Conselho Federal de Medicina), um dos
organizadores do protesto, o Brasil tem hoje 347 mil médicos em
atividade e cerca de 160 mil atuam no atendimento de planos de
saúde. Hoje, 24% da população brasileira (46,6 milhões de pessoas)
é usuária desse tipo de serviço.