No 1º semestre, lucro líquido
da companhia ultrapassou R$ 1 bilhão pela primeira vez
Enquanto comemora o primeiro bilhão
em lucro semestral, a Porto (ex-Porto Seguro) vê duas grandes
oportunidades à frente em seu principal produto, o seguro
automotivo. Ambas passam pelos balcões bancários.
No Itaú, sócio e parceiro da
companhia há alguns anos, o maior apetite por seguros é uma
oportunidade para a líder em seguro automotivo no país. No
Santander, em que as vendas começaram recentemente, também há um
universo a explorar.
O principal canal de venda da Porto
em seguros são os corretores, mas a companhia vê espaço para
crescer no chamado bancassurance, que no mercado
brasileiro, é tão fundamental quanto. O presidente de Porto,
Roberto Santos, afirma que o apetite renovado do Itaú e do
Santander corrobora o otimismo da companhia para os próximos
meses.
“O Itaú passou a olhar para seguros
com muito mais apetite, e isso está se traduzindo em números dentro
do banco”, diz Santos. “Estamos inclusive conseguindo avançar para
distribuir produtos que não fazem parte do acordo operacional.”
O Itaú tem 42,9% do capital da
Porto e está no bloco de controle da companhia junto com a família
Garfinkel. A sociedade é acompanhada de um acordo pelo qual a Porto
Seguros, área de seguros da empresa, tem exclusividade na venda dos
seguros automotivo e residencial no balcão do banco. No caso do
Santander, a venda é via Auto Compara, plataforma online do banco,
sem exclusividade.
O otimismo da Porto, porém, é mais
amplo. “O país está entrando em um cenário de ventos favoráveis
economicamente falando”, diz Santos. “Taxas de juros menores
aumentam a atividade econômica, e se aumenta a atividade econômica,
aumentam as receitas do mercado de seguros.”
Para a companhia, o ciclo positivo
já começou. No primeiro semestre, o lucro líquido da Porto
ultrapassou R$ 1 bilhão pela primeira vez na história, com alta de
238,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Após um 2022 de
ajustes comerciais, a companhia começa a colher os frutos não só em
seguros, mas também nas demais áreas de atuação.
Cautela
Ainda assim, não há um pé no
acelerador. A cautela se mantém no Porto Bank, o banco digital do
grupo. Embora o lucro tenha crescido 38,2%, para R$ 106,5 milhões,
e a inadimplência tenha estabilizado em relação ao primeiro
trimestre, a instituição se mantém aferrada à estratégia de
conceder crédito aos clientes que já conhece.
“Sabemos que o mercado tem um nível
de inadimplência ainda muito elevado”, afirma Santos. “Conseguimos
manter essa estabilidade e vemos alguns sinais positivos em
indicadores antecedentes, que pararam de crescer.”
O mesmo ocorre na Porto Saúde, que
mantém a expansão para novos mercados regionais, mas sem pressa.
Acaba de chegar a Brasília, mas segundo o executivo, a atuação
ainda é seletiva. Na saúde suplementar, a companhia tem se
beneficiado de uma carteira focada em pequenas e médias empresas,
em que os reajustes de preço são em bloco, e não caso a caso,
enquanto outras operadoras, mais expostas a grandes empresas, vivem
uma queda de braço no repasse da inflação médica aos contratos.
Mesmo no seguro automotivo, a Porto
tem se movimentado com cuidado. A sinistralidade do segmento caiu
15,5 pontos porcentuais no último ano, para 51,7%, graças aos
reajustes de preço. E a frequência de sinistros tem se mantido
estável. Entretanto, com os valores dos carros usados ainda altos
na tabela Fipe, há pouco espaço para que o preço caia.
“A tabela Fipe, que orienta as
indenizações de roubo, furto e colisão total, tem tido quedas muito
sutis. Parou de subir, mas [os preços estão] ainda em um patamar
muito elevado”, diz o executivo.